Nesta semana, completei seis meses morando na Itália – mais 15 dias e completo, no acumulado, um ano!
Pra quem tá chegando agora: eu morei cinco meses e meio para fazer a cidadania italiana e voltei há seis meses pra cá.
É muito louco como minha sensação é dividida: por um lado, sinto que acabei de chegar; por outro, às vezes me sinto pronta pra ir pra outro lugar. Me sinto como se estivesse super adaptada, e depois como se nunca fosse me sentir em casa aqui.
Dilemas de quem mora fora do país, acho. Mas toda mudança vem com uma expectativa e, quando se trata de um país do qual ouvimos falar a vida toda e que tem tanta influência no nosso dia a dia, não tem como não chegar aqui e… quebrar a cara com algumas coisas, rs.
Neste post, vou falar de algumas coisas que eu não sabia antes de vir pra Itália. São, claro, impressões minhas, muito pessoais, e não refletem uma verdade absoluta ou a experiência que todo mundo vai ter ao viver aqui.
Ah: se você me segue no Instagram, já sabe de três deles! Aqui, vou acrescentar mais dois 😉
1. Eu sou grande demais pra esse país!
A família do meu pai é toda italiana. Meu pai é alto, eu sou alta, minha família toda é de gente grandona. Então, achava que, quando chegasse aqui, deixaria de ser “aquela grandona”! Ainda contribuiu pra isso o fato de eu ter viajado pra Barcelona antes e, lá, ter achado todo mundo alto. Enfiei na cabeça que todo europeu era altão e… Não é bem assim.
Tem um momento específico em que essa diferença é fatal pra mim: na hora de comprar sapato. Eu calço 40 no Brasil, que seria 42 na Itália, e é impossível encontrar algo que me sirva! O máximo que consegui foi uma bota que tinha a forma grande; de resto, já nem tento mais.
Por isso, a maior parte dos meus sapatos vieram comigo do Brasil – uma semana antes de embarcar, estava comprando sapato, algo que ninguém faz, né? Por aqui, só consigo comprar tênis; botas, sandálias e sapatilhas, vieram tudo comigo.
Também sofro com algumas roupas, como calças, que ficam curtinhas ou a cintura, que era pra ser alta, para antes do meu umbigo.
2. A comida até é boa, mas…
Talvez seja a lua de mel gastronômica que já passou, mas a real é que eu não acho mais a comida italiana tuuuudo isso!
Não entenda errado: é claro que é gostosa. Os italianos têm uma tradição secular com comida, que vai desde a origem dos ingredientes até o modo de preparação. Aqui, a comida tem um valor cultural muito, mas muito grande mesmo, e muito enraizado também. E, sim, os ingredientes fazem muita diferença – é só experimentar uma pizza napoletana de verdade. É inigualável.
Mas, a meu ver, essa tradição também não deixa muito espaço para experimentar e inovar. E, como resultado, bate uma sensação de “parece que já comi isso umas sete vezes neste mês”!
Antes de vir, minha resposta de qual seria a melhor comida do mundo era, sem dúvida, a italiana. Agora, preciso defender minha pátria-mãe: acho muito, mas muito difícil mesmo, bater a riqueza de sabores, texturas e possibilidades que a culinária brasileira tem.
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3. Até dá pra viajar, però non molto!
Eu sonhava com o dia que moraria na Europa e viajaria o tempo todo. Toda sexta-feira à noite indo pro aeroporto, toda segunda-feira de manhã voltando dele. Afinal, as passagens são baratas, né? E ganhando em euro, fica tranquilo pagar…
Não falei nenhuma mentira, mas viajar por aqui não é tão simples assim. Prova disso é que não conheço ninguém que viaja com essa frequência toda.
Primeiro, porque a vida acontece: a gente tem turnos de trabalho a cumprir e nem sempre eles permitem tanto tempo longe assim.
Depois, quando chegamos aqui, precisamos nos estabelecer, e isso custa bastante: além da torneira de dinheiro arregaçada nos primeiros meses, demora um pouco até fazermos nosso pezinho de meia em euro (ok, talvez não seja todo mundo, mas eu não consigo nem dormir se não tiver uma reserva). E, por fim, a passagem pode até ser barata, mas e o custo de todo o resto da viagem?
Precisa por na conta alimentação, hospedagem, transporte público… E é nessas que o valor vai aumentando e, quando você vê, um fim de semana dias em Amsterdam para duas pessoas não sai por menos de 350 euros (valor real, eu to planejando essa viagem faz tempo). Não sei vocês, mas eu COM CERTEZA não tenho 1400 euros sobrando por mês pra viajar todo fim de semana… Mas às vezes até rola uns 400 pra dar uma passeada!
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4. Os italianos não são tão elegantes…
E tô sendo bem amiga, porque a vontade é de dizer que o pessoal se veste mal, mesmo!
Tá certo que cada um tem um gosto, mas eu realmente achava que andar na rua na Itália seria como ver um blog de street fashion ao vivo, especialmente em Milão. Mas, sinceramente, é muito raro eu achar uma pessoa italiana realmente bem vestida; no dia a dia, o pessoal usa combinações que eles fazem não funcionam – todas as peças são statement: vinil, paetê e pele ao mesmo tempo – , as roupas que têm um caimento esquisito, isso quando não são velhas mesmo… E os sapatos, nem se fala, não tem condições!
Pra mim, aquela história de que italianos são super elegantes é totalmente mito! Aliás, acho que a maior parte deles nem liga muito pra roupas como nós ligamos.
5. Italianos não são mal educados, é o jeitinho deles!
Você já deve ter ouvido falar que os italianos são grossos, estúpidos, sem educação… Né?
Talvez a essa altura do campeonato você já saiba que não é bem assim, mas vou reforçar: não é bem assim. Eles têm, sim, um jeito mais enérgico de falar – eu brinco que italiano é muito apaixonado, nunca está tranquilo, parece que tá sempre prestes a explodir por alguma coisa, pro bem ou pro mal.
Acho que isso tem mais a ver com a entonação própria do idioma do que com algum aspecto cultural mais profundo, mas a real é que nós, brasileiros, somos mais “sensíveis” comparados a eles: pensamos no jeito que vamos dizer algo, nas palavras que vamos usar… E acho que italiano não tem muito disso, não! Então, é normal ficar chateado ou achar que alguém te deu uma bronca logo que você começar a viver aqui, mas muito provavelmente não foi com essa intenção.
Agora, uma coisa que eu não consigo superar são as escarradas! Italiano adora assoar o nariz, e não tem nenhuma cerimônia: pega o lencinho no bolso, mete um escarrão e segue normalmente, mesmo que vocês estejam no meio de um papo sério ou comendo. Essa é uma barreira cultural grande demais pra mim, mas não morro de nojo, só acho uma situação engraçada!
E você, foi surpreendido por algo quando conheceu a Itália? Conta nos comentários!