Até o que parece ser outro dia, eu sequer imaginava que visitaria a Bósnia-Herzegovina. Muito menos que eu pegaria algumas horas de estrada para cruzar a fronteira terrestre com a Croácia e passar o dia numa cachoeira na Bósnia-Herzegovina. E, contrariando qualquer expectativa, lá estava eu levantando da cama do hotel em Dubrovnik às seis da manhã para dirigir por cerca de duas horas até as tais Cascatas de Kravica (também chamadas em português de cachoeiras de Kravica/Kravice).
Como chegar nas cascatas de Kravica
Antes de mais nada, preciso dizer que a melhor decisão dessa viagem a Dubrovnik foi alugar um carro. Isso nos deu muito mais conforto e autonomia para fazer todos os passeios que queríamos no nosso tempo – de visitar praias mais distantes do centro até outro país, que é o assunto deste post.
Imagino que tenham passeios saindo de diversas cidades até Kravice, mas, tendo o carro, fizemos o trajeto em pouco mais de duas horas, seguindo o Google Maps. A estrada é ótima na maior parte do trajeto; ao entrar na Bósnia, a qualidade do asfalto cai não é lá aquelas coisas, mas nada de alarmante. Vale citar que há mais de uma via – nós entramos por uma e saímos por outra.
O “passaporte” do carro
Também foi minha primeira vez passando pela fronteira terrestre, e com um carro alugado. Quando pegamos o carro, numa locadora no aeroporto de Dubrovnik, o vendedor perguntou se pretendíamos ir para outro país. Respondi que sim e revelei o destino. Ele imediatamente tirou um papel da gaveta e falou que aquele documento era essencial.
A situação toda já tinha cheiro de golpe, de venda casada, de armadilha para turista. O tal documento era, segundo ele, um “passaporte” do carro, e eles poderiam pedir na imigração. Caso pedissem e nós não tivéssemos, provavelmente pagaríamos uma multa, talvez teríamos o carro apreendido, vai saber. Se tivéssemos, nada disso aconteceria, e o valor era de cerca de 100 euros.
Com um olhar, eu e meu parceiro concordamos que aquele papo tinha toda a cara de ser uma falcatrua para tirar mais dinheiro nosso. Mas também não queríamos pagar para ver se nossas suspeitas estavam certas. Então, pagamos pelo tal passaporte, e passamos o caminho todo até a Bósnia brincando que era bom o guarda pedir para ver esse documento.
É óbvio que ninguém pediu – nem na entrada e nem na saída.
Aliás, eles apenas pediram os nossos passaportes, nada do carro. E foi assim que consegui o primeiro carimbo no meu passaporte italiano, afinal, a Bósnia-Herzegovina não faz parte da União Europeia.
Como são as cascatas de Kravica
Depois de cerca de 40 minutos dirigindo dentro da Bósnia, chegamos ao parque que tem as cachoeiras Kravice. Como era bem cedo, cerca de nove e meia da manhã, o estacionamento estava bem vazio. Uma boa surpresa é que o estacionamento ali é gratuito; a entrada no parque, no entanto, é paga.
A moeda da Bósnia-Herzegovina se chama marco conversível, mas você não precisa saber disso nesse passeio porque eles também aceitam euros. A entrada nas cachoeiras Kravice é 10 euros por pessoa, e essa é, de longe, a maior quantia que você vai gastar durante esse passeio. Os banheiros – bem equipados e limpinhos – são gratuitos, e as lanchonetes na cachoeira são muito, mas muito baratas: comi um hambúrguer por 4 euros (que, convenhamos, não era lá aquelas coisas, mas sendo a única opção do local eles poderiam cobrar o quanto quisessem!) e a cerveja era 2,50 euros.
Para pagar a entrada, você pode usar seu cartão, mas, nas lanchonetes só se aceita dinheiro. Então, se não passar no caixa eletrônico antes de chegar, não esqueça de sacar dinheiro no que fica na entrada.
Vale a pena visitar as cachoeiras Kravice?
Agora que falamos de todas as burocracias, vamos ao que interessa: as cachoeiras!
Não sei você, mas eu acho cachoeira uma das coisas mais bonitas que existe. Gosto de todo o verde em volta, do barulho da água, da força com que ela cai… E as cachoeiras Kravice são realmente lindas.
A água é geladíssima, mesmo no calor de 40 graus que estava fazendo em agosto, e tão verde-esmeralda quanto transparente. Não é possível chegar perto da queda d’água nadando e o mais próximo disso é pagando por um passeio de barco que chega um pouco mais perto. Pode ser uma boa pedida para quem não sabe nadar, mas não parece ser tão diferente do que a área que você pode ir nadando.
Uma coisa que me surpreendeu é que a área toda é bem menor do que eu imaginava. Mas, mesmo ficando bem cheia, não deu aquela sensação de que não dava nem para andar; pelo contrário, tinha espaço para todo mundo. Ao longo do dia, mudamos de lugar algumas vezes, da beira da lagoa sentados nas pedras às espreguiçadeiras próximas à lanchonete, terminando na beira do rio que segue seu curso depois da cachoeira. E a melhor parte: nenhuma caixa de som!
Ficamos até por volta das duas e pouco da tarde, pois não queríamos pegar estrada muito cansados. Chegar cedo definitivamente fez toda a diferença para aproveitarmos, pois a maior parte dos visitantes chega pela hora do almoço. Visitar as cachoeiras Kravice foi um dos nossos passeios preferidos dessa viagem, e a única coisa que lamentei foi não termos mais tempo para conhecer outros lugares na Bósnia-Herzegovina, como Mostar e a capital Sarajevo.
No caminho de volta para Dubrovnik, uma dica extra: paramos em um restaurante na beira da estrada que tinha uma vista linda e descobrimos que é uma vinícola familiar, onde eles vendem o lanches deliciosos e, claro, vinho. Se chama Rizman e vale colocar uma parada no seu roteiro para esticar a perna e comer um sanduíche.
Serviço
Cascatas de Kravica
- Horário: todos os dias, das 7h30 às 20h30
- Local: clique aqui
- 10 euros por pessoa
- Leve dinheiro em espécie!
