Os golpes mais comuns contra turistas na Europa (e como evitá-los)

Grand Central Station, Nova York, maio de 2012. Era meu segundo ou terceiro dia na cidade e eu estava maravilhada, naquele estado de achar que tudo é um sonho; impossível existir um lugar como a cidade de Nova York na vida real.

Como se vê, não consegui capturar exatamente tudo aquilo

Olhando para todos os cantos com a câmera na mão para tentar levar para casa cada milímetro de assombro que o enorme hall central da Grand Central Station me causava – as constelações no teto abobadado! O relógio que vi em tantos filmes! A correria das pessoas! Tudo dourado, tudo brilhante, tudo barulhento! – , não tinha a menor chance de eu me misturar com a massa de nova-iorquinos que passavam por ali como se fosse apenas mais um dia no mesmo lugar.

Eu era a vítima perfeita para cair num dos golpes mais simples e, acredito, eficientes: o do viajante que ficou sem dinheiro.

Uma moça se aproximou, ofegante, com ares de desespero, dizendo que tinha sido roubada ou qualquer coisa assim. Acho que dizia ter feito um bate-e-volta para Manhattan e estava, entre lágrimas, pedindo uma ajuda para comprar a passagem de volta para a casa do irmão.

Sim, esse golpe. Provavelmente o mais velho do mundo – já me abordaram até na avenida Paulista falando a mesma coisa.

Quando a gente é turista, não tem lugar do mundo onde alguém não vá tentar tirar um dinheiro nosso. E, aí, a gente tem que ficar esperto, senão acaba perdendo uma grana mesmo.

Golpes mais comuns na Europa

Meu expertise europeu é, por enquanto restrito à Itália. Mas, só de conversar com amigos mais viajados, sei que tem algumas modalidades que existem por todo o continente (e, sinceramente, em todo o mundo!):

Pulseirinha: uma pessoa te oferece uma pulseirinha de lembrança, de graça. Ao amarrar no seu braço, ela cobra uma fortuna de algumas dezenas de euros. Se você se recusar a pagar, surgem “amigos” dessa pessoa para te intimidar até você dar a quantia.

Flores: a lógica é a mesma da pulseirinha, mas a flor é dada a mulheres, especialmente as que estão desacompanhadas, junto com uma enxurrada de elogios.  Ao aceitar a flor, a pessoa te cobra um valor altíssimo e se recusa a pegá-la de volta. Se você recusar, surge um batalhão de homens para te cobrar. E, viajando sozinha, é mais intimidante ainda.

Milho para os pombos: se gosta de atrair dezenas de pombos para tirar uma foto com todos em cima de você, quem sou eu para julgar! Mas não pegue o milho de quem está oferecendo no local: é um tipo de golpe frequente em igrejas e praças, que oferecem o milho de graça e, depois de você fazer a foto, cobram um valor bem alto.

A escadaria da Sacre Couer, em Paris, é super conhecida por ser um lugar cheio desses golpes para turistas!

Abaixo-assinado: uma pessoa muito simpática te pede para participar de um abaixo-assinado para a construção de um centro de ajuda ou algo do tipo. Você assina e, depois, é cobrado de uma contribuição financeira também. Aconteceu comigo em Ferrara; o abaixo-assinado era para ajudar uma associação de surdos, e a moça era (ou parecia ser) muda, então não me disse que existia a tal doação de dinheiro, só indicou uma linha pequena onde se lia que a contribuição mínima era de 20 euros. Reparei que todas as assinaturas antes tinham a mesma letra e me recusei a dar; ela saiu correndo e eu também fui embora, porque fiquei com medo de surgir mais gente, rs.

Ajuda no metrô: mais uma clássica do mundo todo: você olha para a máquina que emite o bilhete do metrô com a maior cara de dúvida do mundo e vem alguém te ajudar. A pessoa rapidamente pega seu dinheiro, emite o bilhete, você nem vê o preço direito e só depois percebe que ela embolsou uma boa parte do valor.

Recém-chegada em Milão, passei por algo parecido: uma moça me abordou e disse que tinha um bilhete novo que não usaria, porque estava indo embora da cidade. Prevendo que era algum tipo de golpe, perguntei o preço e ela disse “é de graça”. Olhei em volta, suspeitei, segurei mais perto as minhas malas e aceitei. Se foi um golpe de fato, foi tão bem aplicado que até hoje não sei o que ela me roubou. Mas acho que era só uma pessoa boa e retribuí para o universo, também deixando o que sobrou do meu bilhete para outra pessoa (e enfrentando diversos olhares suspeitos até alguma aceitar).

duomo milano
Duomo de Milão: em uma única visita, vi três tipos de golpes sendo aplicados!

Distração + furto: isso é bem comum até no Brasil. É um golpe que pode até ser orquestrado por mais de uma pessoa: uma delas promove a distração – ser derrubando alguma bebida na sua roupa, esbarrando em você, ou até com uma multidão de crianças que te abordam… – e, no mesmo momento, o furto é realizado.

Ingressos falsos: os vendedores de ingressos falsos são tão bons que fui abordada por um na entrada dos Museus do Vaticano e não tenho certeza se era mesmo um golpista. Mas, como já tinha o ingresso, não dei muita bola. São pessoas na frente das atrações que oferecem ingressos, muitas vezes com desconto, e até usam alguma identificação, como um crachá, que parece muito ser oficial. O ingresso, nesses casos, é falso ou já foi utilizado, e você só percebe quando tenta usá-lo.

Como evitar golpes durante a viagem

Pochetes são amigas demais em viagens

Como em toda viagem, esteja sempre muito atento a seus pertences, especialmente se estiver com mochilas e bolsas. Evite levar carteira e celular no bolso, porque é fácil para um ladrão tirá-los dali, a não ser que tenha zíper.

A atenção aos seus arredores deve ser redobrada em pontos turísticos, especialmente os que são mais lotados, onde as chances de furtos são bem maiores.

No caso dos golpes em que você é abordado, não tenha medo de dizer NÃO, mesmo que isso acabe te fazendo passar por mal educado! Em Roma, na Ponte Sant’Angelo, um cara me abordou para oferecer algo que nem vi o que era; só recusei, agradeci e continuei andando. Resultado: ele gritou comigo até eu passar da metade da ponte! Confesso que foi constrangedor e apertei o passo porque fiquei com medo de virar uma agressão, mas talvez fosse só um homem desacostumado a ouvir um “não”.

Como contei antes, no caso do metrô de Milão, nem tudo que parece um golpe é, de fato, um golpe. Mas é melhor prevenir e assumir que, se algo parece um golpe, muito provavelmente é.

É o caso da moça de Nova York, desesperada para voltar para a casa do irmão. Digamos que eu só percebi que tinha perdido cinco dólares quando, à noite, contei a história para minha amiga me sentindo a alma mais caridosa do universo e ela falou, sem nem piscar: “você sabe que isso é golpe, né?”

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Giovana mal pode esperar pela terça-feira à tarde na qual estará tomando um drink numa praia no Mar Mediterrâneo rindo muito de tudo isso. Enquanto isso, escreve sobre viagem e morar no exterior por aqui!