Meu destino decepcionante: Los Angeles, EUA

Pensei nessa sessão como uma forma de refletir sobre como nossas expectativas afetam as experiências que temos em viagens. Afinal, as chances de se decepcionar com o destino, quando você sonha com ele há muito tempo, são grandes.

No entanto, isso não significa que o lugar é “ruim” ou que outra pessoa não possa amar de paixão. Afinal, essas experiências são muito pessoais. Portanto, o que foi decepcionante pra você pode ser justamente o que faz alguém amar uma viagem!

Então, para dividir essas histórias de frustração e tristeza, criei essa nova sessão no blog. E você também pode participar! Lá no fim eu conto como. 😉

Eu sempre quis ir para Los Angeles. Ou melhor, pra Hollywood!

Quando criança, brincava de desenhar plantas de casas (não julgamos brincadeiras de crianças) e lembro de uma vez que desenhei minha futura casa. Era uma mansão em Hollywood, com 11 quartos: um para mim, um para a minha mãe, um para o meu pai, um para sapatos, um para saias, um para vestidos, e por aí vai.

Durante a faculdade, passei mais tempo do que devia avaliando as possibilidades de fazer intercâmbio na UCLA. Curso de verão de gerenciamento na indústria do entretenimento? Um semestre na turma de em Communications Studies? Nem sei quantos emails mandei pra universidade lá e pra minha universidade aqui para entender se era viável.

Em resumo: não era.

Mas em 2012, depois da minha formatura, tive a oportunidade de fazer minha primeira viagem internacional. A motivação foi bizarra: uma compra de reserva de hotel num Peixe Urbano da vida que, no fim, nem usei. Mas serviu para me fazer dar esse pulo. Então, passei um mês nos EUA, sozinha.

Vivendo o sonho: seis dias em Los Angeles

Los Angeles foi a terceira parada da viagem. Já tinha estado uma semana em Nova York e uma em San Francisco. Em LA, peguei um hostel que me permitia ficar os próximos dias no mesmo lugar onde eu desenhei minha mansão de 11 quartos: Hollywood!

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Mais precisamente, Hollywood Boulevard, com a Calçada da Fama e suas estrelas bem na porta. Do outro lado da rua, o Kodak Theatre, onde se fazem as cerimônias do Oscar, e o Chinese Theater, com as marcas das mãos e pés de estrelas de todos os tempos.

Um ponto decisivo na escolha do lugar foi estar bem de frente à saída do metrô Hollywood/Highland. Esse é um detalhe importante pra quem, como eu, não tem a menor condição de rodar por aí de táxi ou alugar um carro. Se acaso você já foi para Los Angeles, fica o choque: eu só andei de transporte público lá.

O glamour hollywoodiano, claro, passa longe de quem viaja só com uma mochila. Portanto, minha chegada da cidade não foi no LAX, com um sonho e um cardigã, mas de ônibus, em um estacionamento no centro da cidade. Eram umas seis horas da manhã, e tinha passado a noite viajando de San Francisco pra economizar tempo e dinheiro. O nascer do sol na estrada foi bonito, mas, meu Deus, que canseira.

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Falei que não tinha glamour nenhum, e piorou um pouco na chegada ao hostel, com o cabelo sujo, o corpo cansado e quatro horas de espera até o checkin.

Então, deixei minha mochila e fui andar pelos arredores. Hollywood! Calçada da Fama! A glória de estar no lugar que eu imaginei por tanto tempo!

No entanto, a realidade era bem diferente. E poderia ser somente uma primeira impressão, mas ela se confirmou repetidas vezes nos dias seguintes. Hollywood não é nada aquilo. E nem Los Angeles.

Acho que poucas vezes na vida me senti tão sozinha quanto nesse trecho da viagem.

Selfie feita no meio da rua em Hollywood Boulevard, em Los Angeles. A rua está vazia, com alguns carros estacionados e algumas pessoas nas calçadas.

No primeiro dia, me dediquei a andar pelas ruas próximas dali e reconhecer o território. Era uma segunda-feira à tarde, e eu esperava a movimentação de qualquer segunda-feira em uma cidade grande.

E, provavelmente, foi isso que eu vi. Mas Los Angeles talvez tenha seu próprio normal. Sempre ouvimos falar de como o trânsito lá é terrível, mas não foi o que eu vi. Aliás, eu mal vi carros. As ruas são estranhamente largas, compridas e vazias.

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Andei pela Hollywood Boulevard até a Vine Street, observei o prédio da Capitol Records do famoso cruzamento Hollywood x Vine, e só via alguma aglomeração de carros quando o sinal fechava e uns seis se amontoavam esperando que abrisse.

Passei pela Sunset Boulevard e a coisa mais hollywoodiana que vi, foi o motel Hollywood Center. Tinha aquela estética bem anos 50, bem de filme, mas também bem acabado pelo tempo, com a pintura desbotada, não via uma tinta há pelo menos uns 50 anos.

Fachada do motel Hollywood Center, com um letreiro descascado e uma casa ao fundo, parecendo abandonado

No fim, foi um símbolo: o que eu esperava ver em Los Angeles provavelmente não existia há meio século.

O que fazer em Los Angeles

Quando falamos coisas para fazer em LA, provavelmente surgem visitas a estúdios ou parques de diversões. Mas isso não me interessava. Em primeiro lugar, porque custam um dinheiro que eu não estava disposta a gastar. E, em segundo lugar, porque eu sequer tinha essa grana!

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Então, fiquei com os passeios gratuitos em Los Angeles, o sightseeing.

Fachada do Walt Disney Concert Hall em Los Angeles,com um casal de noivos e um fotógrafo nas escadas

Por isso, bati perna por toda a cidade. Subi a escada ao lado do Angel’s Flight e me sentei no banco do filme 500 Dias Com Ela. Passei em frente ao Walt Disney Concert Hall e vi um casal fazendo fotos de casamento enquanto eu tentava chegar em Chinatown (nunca cheguei). Andei num viaduto e me senti na avenida 23 de maio em São Paulo. Tive medo de estar sozinha no começo da noite no centro de LA.

Fui a Santa Monica e Venice Beach não apenas uma, mas duas vezes, de ônibus (o metrô que leva até lá ainda não existia). Demorava ao menos uma hora e meia. Descobri depois que, de carro, é coisa de 20 minutos! Gastei meu portunhol para falar com as senhoras latinas que seguraram o último ônibus do dia para que eu chegasse de volta em Hollywood.

Foto no pier de Santa Monica, com o parque de diversões ao fundo, em LA

Farmer’s Market, Universal Citywalk, passeio guiado no bondinho de Beverly Hills, até show no Hard Rock Cafe eu vi. Admirei diamantes na vitrine da Cartier, visitei uma loja para maquiadores profissionais em North Hollywood.

Guardei o melhor pro fim, e acordei cedo para fazer a trilha até o letreiro de Hollywood. É o passeio que ninguém te conta, que pouca gente sabe que é possível. Mas é, e te dá, literalmente, uma visão diferente sobre a cidade.

Vista de Los Angeles do alto, por trás do letreiro de Hollywood
Essa era a tecnologia pra fazer panorâmica em 2012!

Quantos dias ficar em Los Angeles

No penúltimo dia, eu já não tinha mais o que fazer em Los Angeles. Até no campus da UCLA, onde eu sonhei tanto em estudar, eu fui. Simplesmente não tinha mais onde ir no quinto dia na cidade, e ainda tinha mais um. Sim, eu peguei SEIS dias em Los Angeles, pelo menos dois a mais que o suficiente!

O sonho chegou ao fim quando fiz o checkout às seis da manhã de um domingo e fui pegar o ônibus para Las Vegas. Saindo do hostel, trombei com um rapaz sentado nas escadas, meio dormindo. Ele parecia estar recuperando a consciência e me contava em pequenos fluxos o que se lembrava: estava em uma festa. Era em uma casa em Hollywood Hills. Ele não sabia dizer direito como ficou sabendo dela. Alguém deu carona para ele de volta ao hostel. Quando viu minhas malas, me perguntou onde eu ia.

“Embora”, respondi. “Vou pra Las Vegas agora.”

“Que pena. Hoje tem outra festa, você poderia ir também.”

Concordei. Seja como for, talvez eu tenha estado em Los Angeles nos dias errados.

Vale a pena ir para Los Angeles?

Apesar da decepção, eu não consigo odiar Los Angeles. Talvez seja a propaganda que vende a cidade como um lugar tão divertido, ou o GTA V, ou o meu marido que passou alguns anos indo a trabalho e não vê a hora de voltar. Eu mesma fui novamente no ano seguinte a esse e, apesar de continuar achando que não tem muita coisa pra fazer lá, gostaria de tentar de novo.

Afinal, se todo mundo gosta de uma coisa, menos eu… É provável que o problema seja eu.

Por do sol na praia de Santa Monica, em Los Angeles

Seu destino decepcionante

Também tem um destino decepcionante e quer contar essa história aqui no blog? Me manda um email para [email protected] com o assunto “destino decepcionante” e a gente conversa!

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Giovana mal pode esperar pela terça-feira à tarde na qual estará tomando um drink numa praia no Mar Mediterrâneo rindo muito de tudo isso. Enquanto isso, escreve sobre viagem e morar no exterior por aqui!