5 dicas para suportar o inverno na Europa

Depois de cinco anos morando fora, divido minhas 5 dicas para sobreviver ao inverno na Europa passando menos frio, nervoso e raiva.

Este será meu quinto inverno europeu. Desde que mudei para a Itália em 2018, eu sempre passei os meses mais frios do hemisfério norte passando não apenas frio, mas também nervoso e raiva.

É que o inverno aqui realmente é bruto para nós, que crescemos no Brasil. As temperaturas despencam e ficam em um dígito por meses, os dias ficam curtos e, por mais que eu me esforce para me vestir adequadamente, estou sempre com frio e/ou cafona. E/ou!!!

Então, é sempre com muito ódio que percebo as folhas amarelas das árvores começando a cobrir o chão já no fim de setembro. Neste ano, eu notei a primeira árvore amarelinha enquanto caminhava em um parque perto de casa, usando camiseta. “É cedo demais!”, pensei em voz alta. “Sempre é”, respondeu meu namorado, tão acostumado com a mudança das estações que, para ele, sequer é uma inconveniência.

Mas, neste ano, eu resolvi tentar um pouco mais. Afinal, eu não vou mudar as estações do ano, mas posso mudar a forma como me sinto em relação a elas. E, neste post, decidi dividir um pouco do que já estou fazendo e que tem me ajudado a suportar o inverno na Europa.

1. Roupas adequadas de verdade

Quando voltei ao Brasil por alguns meses, depois de reconhecer minha cidadania italiana, cometi uma gafe que até hoje me desperta quando estou pegando no sono.

Fui almoçar com alguns ex-colegas de trabalho e mencionei que achava a coisa mais horrorosa do mundo aqueles casacos cheinhos, que te deixam parecendo o boneco da Michelin. Óbvio que uma das moças, com quem eu não tinha trabalhado mas estava almoçando com a gente, estava com um casaco desses. Não deu tempo de emendar o meu mas, que eu juro que existia. Então, vou emendá-lo aqui:

como se vestir inverno londres
Meu Primeiro Casaco Da Michelin

Ainda acho o casaco da Michelin a coisa mais horrorosa do mundo, mas é também a coisa mais confortável e quentinha que você pode usar no inverno europeu. Portanto, é, provavelmente, o item mais indispensável do seu guarda-roupa.

Isso se mostrou particularmente verdade morando em Londres. Na Itália, os casacos de lã seguravam bem o frio, mas em Londres algo que segure o vento e a garoa fina é essencial para manter o frio do lado de fora. Em outras palavras, tive que segurar o choro e comprar um para mim. Hoje, tenho dois – um mais comprido e outro mais curto, como uma jaqueta, que uso mais no dia a dia.

Além disso, existem muitos modelos desses casacos. Um dos meus sequer tem aquelas costuras horizontais, mas é bem forrado e tem o exterior impermeável.

Como a maior parte das peças que comprei aqui, eles vieram de charity shops e cada um não custou mais de 20 libras – um deles, inclusive, é Calvin Klein! Leia mais sobre charity shops neste post.

Em resumo, minha vida no inverno se tornou muito menos sofrida quando eu decidi parar de forçar os meus looks num clima que não se importava em vê-los. Além disso, observar como as pessoas aqui se vestem me dá muitas ideias de como achar uma alternativa que combine com o meu gosto.

2. Arrumar a casa

Arrumação é uma coisa muito pessoal. Tem gente que não liga tanto para a casa estar arrumada ou não, mas eu ligo muito. Ligo tanto que comprei um robô aspirador porque aspirar a casa estava me ocupando tempo demais e decidi terceirizar para as máquinas essa tarefa. Ele faz um trabalho decente, mas pelo menos uma vez no mês eu pego o aspirador tradicional para limpar os cantinhos, levantar tapete e tudo o mais.

But I digress. Um pouco.

Perceber a casa suja e desarrumada é algo que acaba com o meu humor. Me tira a vontade de fazer tudo, exceto sujar mais e bagunçar mais. Por outro lado, a casa limpa me deixa muito animada e afim de simplesmente viver nela.

Nesses tempos mais frios, eu tenho limpado tudo ainda mais e me esforçado para manter a arrumação, porque sei que essas estações me afetam profundamente. Me deixam triste, desanimada, sem vontade de fazer nada e sonhando com o dia em que a hibernação humana vai ser realidade, ou pelo menos o sonho de passar esses seis meses no hemisfério sul. Ou seja, o ambiente já vai naturalmente me fazer sentir mal, então eu preciso que minha casa seja um refúgio de conforto contra o vento frio que bate na porta e, principalmente, a noite que chega mais cedo a cada dia.

Um novo investimento para me ajudar nisso é a lava-louças. Mais uma vez terceirizando para as máquinas meus afazeres domésticos, porque gosto da casa limpa, mas não sou tão fã de limpá-la todo santo dia.

3. Arrumar a casa para o frio

Photo by Vlada Karpovich/Pexels
Não sou eu, mas poderia ser

Mas tem mais: deixar a casa acolhedora para a estação também ajuda a melhorar esse humor. Essa dica eu roubei de algum perfil no Instagram que comentava a tal “decoração de outono” da qual tanto se fala e, para mim, não fazia muito sentido.

Eu não vou espalhar abóboras pela casa, nem enchê-la de flores alaranjadas. Mas coloquei umas cobertinhas a mais no sofá e ele já ficou mais confortável. Deixei umas velas numa mesinha, e elas também trazem mais conforto. Tenho usado mais as luzes dos abajures, que são mais quentes, e a casa não parece tão sem vida. Propaguei tudo quanto é planta e deixei a casa ainda mais verdinha – quem tem planta sabe de como elas deixam tudo melhor.

Todas essas são coisas que foram muito facilmente arrumadas e eu já tinha, só precisava de uma função. Ou seja, um upgrade grátis que já tem me feito muito bem.

4. Aproveitar a flexibilidade do trabalho (se tiver)

Obrigada, universo, pelo emprego que me dá a flexibilidade de trabalhar de casa e tirar algumas pausas para ir ver o sol enquanto ele está brilhando! Se você nunca viveu num país que tem essa diferença tão grande nas estações, acredite: a presença de luz natural realmente afeta e muito o nosso dia a dia.

Sei que nem todo mundo tem essa sorte, mas, se você tem, aproveite. Eu tenho feito uma pausa maior durante a tarde para ir dar uma andada pelo bairro antes do sol se por. Depois, compenso o trabalho “perdido” à noite – nada de ficar no computador até a hora de dormir, claro. É coisa de encerrar uma hora depois do esperado, o que não atrapalha minha vida. Pelo contrário: poder fazer essa pausa melhora bastante meu humor.

Leia também: Como arrumei emprego na minha área em Londres

5. Abraçar a mudança

Nos meses quentes, eu acordo todos às seis da manhã e, antes do trabalho, já tomei café da manhã, fui para a academia, lavei roupa… Nos meses mais frios, eu sequer ouço o despertador tocar.

É incrível o efeito que a mudança das estações tem sobre a minha disposição. E, por mais que ninguém queira se sentir mal, também não tem como lutar contra a natureza. Por isso, neste ano eu decidi pegar leve.

Em vez de tentar acordar às seis da manhã, falhar e ficar o dia todo frustrada e me atropelando com meus afazeres, meu despertador toca mais tarde. A intensidade e objetivo dos treinos também foram ajustados, porque a minha energia está hibernando e só volta na primavera. A cerveja na geladeira virou um vinho, assim como no pub. O cabelo, sempre solto, agora fica mais em rabos de cavalo, tranças e chapéus, que o fazem sofrer menos na garoa. E ainda tem aquelas coisas especiais da estação, desde as folhas secas no chão até as árvores totalmente peladas, passando pelos os mercadinhos de Natal, o chocolate quente, as luzinhas e decorações especiais, o Winter Wonderland… E por aí vai.

Photo by Jamie Davies on Unsplash
Regent Street no Natal

No fim das contas, tem ainda aquele lado filosófico disso tudo – como tudo está em constante mudança, os ciclos que passamos na vida, as novas possibilidades que surgem… Os últimos anos me deixaram um pouco mais cínica, mas me permito assumir para mim mesma essa visão mais idealizada da coisa toda. Me faz bem.

E sabe o que é pior disso tudo? Que, pela primeira vez desde que me mudei para o exterior, eu estou até empolgada pelo frio neste ano.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Giovana mal pode esperar pela terça-feira à tarde na qual estará tomando um drink numa praia no Mar Mediterrâneo rindo muito de tudo isso. Enquanto isso, escreve sobre viagem e morar no exterior por aqui!